26.4.07

Homem de madeira

Desaparece,
já não suporto isto.
Porque me levas à insanidade?
Que fiz de errado?
Amo e morro por causa disso.
Apaixonei-me e ardi no inferno.
Corta-me disto tudo.
Sou iludido e desmembrado
atirando-me para longe disto tudo,
porque não posso agarrar-me a nada.
Porque ninguém me ama.
Já não vale a pena.
morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre morre
detesto isto, detesto-te, detesto tudo
se ao menos tudo acabasse agora
nada poderia ser real para mim
perversidade atordoada
a faca no meu pulso ainda não te cravou o coração
talvez a morte consegue conquistar e ganhar a guerra de silêncio entre nós
acaricia esses sentimentos longe de mim que eu não consigo ficar com o que quero
eu sei
ouvir, sentir
merda para tudo

sou oco
por dentro
estou a arder
por fora
dá-me braços para te abraçar
dá-me olhos para te ver
dá-me pernas para fugir
dá-me um coração
para o arrancar do meu peito
(2002)

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