15.6.08

Inverno na Cidade da Primavera Eterna

Nada disto era esperado. Sentia-me sozinho, numa casa cheia de gente. Cheia de convidados, de amigos, familiares... cheio de casais. Decidi sair e talvez desaparecer nos meus pensamentos. Sim, deixei os meus convidados entretidos com eles mesmos. Calcei os meus ténis, saquei do leitor de mp3 (cheio daquelas músicas deprimentes que, de alguma forma, acabaram por se tornar na banda sonora da minha vida) e saí porta fora sem saber que horas voltar. Precisava de libertar-me daquela solidão. De furar a noite e perder-me na cidade. Desci as ruas quase vazias sem rumo, vendo as pessoas a passar. Os casais. Sempre os casais. É tão revoltante só reparares nas coisas que te irritam quando o que queres é não ver, não saber. Esquecer.

Percorri o mundo sozinho. Acompanhado apenas dos sons dos meus passos e da música deprimente, numa tentativa quase que vã de esquecer que tudo à minha volta existe. De alguma forma estranha acabei por parar sentado num banco em frente ao meu prédio. Foi quando reparei em ti. Sentaste-te no banco em frente, com o ar mais perdido. Nunca me tinha acontecido reparar assim em alguém e ficar daquela forma - tão apanhado, rendido. Por uns meros segundos desejei que metesses conversa. Sei lá, algo para quebrar o silêncio. Um pedido de direcções. Um cravar de cigarros. Um querer saber as horas. Qualquer coisa. Estavas de volta do telemóvel, enviando mensagens. Sorriste. Levantaste. Olhaste para mim. Disseste 'boa noite'. Quem diz 'boa noite' a estranhos nos dias de hoje? E entraste no prédio. Ainda não sabes até que ponto fiquei agradecido por aquela 'boa noite' tão sorridente que me desejaste. Fiquei mais uns minutos sentado no banco mas a solidão havia passado. Estava mais leve. Decidi voltar e enfrentar a multidão de casais. Entrei em casa. Tinham dado pala minha falta. Sentei-me à mesa, conversando. Estava já tão distraído com os risos e as palhaçadas quando olhei para o fundo da sala. Uma figura sozinha, entre casais. Sorri. Afinal não era só eu. Mas depois reparei...

Afinal eras tu.

2 comentários:

Nobody's Bitcho disse...

Ora mas que sorte! :P
Já agora... e desenvolvimentos? Conta-me tudo, que eu sou cusco! :D xD ahahah


abracinhos :)

Arms disse...

LOOOOOOOOOOL

Algo em diz que devias de reparar nos labels dos blogs. No fim do texto está lá escrito "ficção".

;)

 

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