12.2.09

Eu não sou gay

Entrou no autocarro e rapidamente se deslocou para os assentos ao fundo. A rapariga sentada ao seu lado estava bastante desinteressada em conversar por isso moveu-se em direcção à janela, criando movimento suficiente para despertar o interesse dele.
Olhou para ela e, com um sorriso, disse: - Olá.
O autocarro começou a mover-se enquanto ela se sentia forçada a pelo menos olhar-lhe de lado enquanto respondia: - Oi.
Ele conseguia aperceber-se facilmente que ela estava a tentar despachá-lo, mas não iria ficar calado ao lado de uma rapariga gira.
- Então. És nova por estas bandas?
- Não.
- Não costumas vir para estes lados?
- Eu vivi aqui a minha vida toda. - responde sem sequer tirar o olhar da janela.
- Então porque olhas lá para fora como se estivesses a ver tudo pela primeira vez?
Foi descoberta. Virou a cabeça na direcção dele e, fechando os olhos, disse: - Não me apetece falar.
- Passa-se alguma coisa?
- Tive um péssimo dia ontem.
- O que aconteceu?
- Podemos, por favor, não falar sobre isto?
- Bom, se isso te fizer sentir melhor, o meu não foi muito melhor. Acreditas que toda a gente pensa que sou gay?
Ela deu por si a olhar para ele. Ele era definitivamente diferente: - O quê?
- Gay, homossexual, maricas. Por alguma razão as pessoas ficam com ideia que EU sou gay!
- E porquê? - apercebeu-se tarde demais que cometeu o erro de estar interessada.
- Eu não sei porquê! Deixa-me contar o que aconteceu.
Era inevitável agora, por isso ela colocou-se de forma mais confortável desejando que ele fosse rápido: - Ok!

- Tudo começou ontem de manhã. Tinha acabado de fazer o pequeno-almoço para todos e estava a lavar a loiça quando o pessoal começou a chamar-me para ir ter com eles. Arranjaram um jogo de voleibol e, quando se passou a parte das miúdas de bikini, as coisas melhoraram. E parei, relutantemente, de limpar para ir jogar. Ganhei-os no jogo e, por isso, eles decidiram que me iriam ganhar numa partida de voleibol a sério. Por isso fui até à garagem buscar a bola enquanto eles se enfiavam no carro. Fomos todos no carro até à praia e eu forcei-os a ouvir jazz e swing em vez de rock porque pareceu-me mais apropriado.

Chegámos à praia e vimos um espaço suficientemente grande para a rede e andámos naquela direcção. Ao mesmo tempo um grupo de raparigas MESMO boas estavam a andar na mesma direcção e tinham uma bola também. Eu disse que elas podiam usar o espaço e elas responderam "Ha! Nunca irás arranjar uma boa rapariga com essa atitude mole!" Outra rapariga apenas disse, "Eles apenas não querem que nós os vemos enquanto eles estiverem a jogar mal." Tinham acabado de nos desafiar porque nós respondemos "Ai é?" Por isso, chegámos ao espaço, montámos a rede e fomos tirar as t-shirts enquanto elas ficaram a olhar. Sem as t-shirts colocamo-nos em posição quando elas despiram tudo até ficarem de biquini e um dos nossos teve que sair porque começou a sangrar do nariz.

O jogo tinha começado mas a minha equipa estava paralisada a olhar para os pulos delas. Por isso eu disse "Parem com isso!" E eles disseram "Parar o quê?" com aquele sorriso sinistro e inocente. E eu disse às miúdas, "Parem de distrair a minha equipa!" antes de eu virar para eles dizendo "e vocês parem de ser tão pervertidos e otários e joguem o jogo!" Ao que me responderam, "Não temos culpa que não curtes gajas!" E depois bati-lhe na cara com a bola de volei.

Por isso nós - e por 'nós' digo eu - conseguimos jogar uma boa partida e conseguimos empatar. Foi quando as raparigas nos estiveram a topar e disseram, quando olharam para mim, "porque é que os melhores são sempre gays?" E, claro que me defendi ao que elas responderam convidando-me para casa delas.

E então, elas levaram-me para casa delas e ouvimos música. Dançámos um bocado. Elas estavam a tentar embebedar-me mas pus as bebidas de lado sem problemas. E então passaram logo para a sedução fazendo uma espécie de show de langerie, pelas quais mostro um desinteresse completo porque não acho o design prático.

Depois de um jogo de strip póker eu e metade delas estávamos ali completamente nus e elas tentaram algo. Só que eu não me interesso por sexo casual, sem sentido. Por isso brincámos apenas um bocado mas elas não ficaram convencidas.

Fui-me embora. Apanhei um táxi para casa quando vi uma rapariga andando na chuva. Ofereci-me a pagar-lhe a viagem para casa. Ela estava obviamente um trapo andando para casa do bar. Tentou subir para cima de mim tirando a minha roupa até que ficou demasiado cansada para continuar e adormeceu. E o condutor vira-se e diz "Qual é o teu problema, amigo? És gay?"

Por isso levei-a para a minha casa. Parte por não saber onde ela mora e parte por não ter encontrado as chaves delas e pensado que se deve ter esquecido delas em casa dela. Levei-a para dentro e deitei-a na minha cama. Eu ia dormir no sofá, tentando ser o mais calado possível para não acordar o pessoal. Tinha-me acabado de despir e estava a preparar-me para subir para o sofá quando a ouvi dizer "É uma pena ver algo tão bom ser desperdiçado num homem gay!"
Olho para ela respondendo por entre os dentes e ela adormece. Na manhã seguinte ela dá-me o número do melhor amigo dela, que ela disse ser gay.
Por isso, sim. Todos pensam que sou gay por alguma razão.

Ela olhou para ele durante uns momentos até que aquilo lhe bateu:
- Então TU é que és o gajo gay que elas me estavam a contar! Ouvi dizer que és uma maravilha com as mãos!

- EU NÃO SOU GAY!

2 comentários:

Daniel C.da Silva disse...

qua qua qua :) delicioso... ou de como é preciso ter azar a partir da altura em que se pensa algo...

muito bem apanhado.

és fluente e muito bom :)

hugs

tulisses disse...

muito, muito bom!

;)

 

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