Preciso destas manhãs de inverno, frias, cheias de nevoeiro. Manhãs que parecem que as árvores entram num estado de dormência, desprovidas de folhas. Com os ramos a dançarem numa leve brisa, como se as árvores tremessem de frio. Um cinzento que não acaba. Que começa dentro de mim e se estende em tudo que vejo. Um cinzento que adormece o mundo, em que as manhãs se estendem e se espreguiçam. Como se o dia tivesse preguiça para começar. Passeio, completamente encasacado, pelas ruas vazias da cidade. Um manhã que me lembra o local onde cresci. Entro no parque e dou com o banco onde tudo começou e, eventualmente, terminou com uma nostalgia que ultrapassa meras palavras. Uma banco abandonado numa curva, isolada, solitária. Como eu agora. Não há tristeza nem saudade. Apenas uma espécie de carinho por este lugar que parece persistir, sem explicações, sem porquês nem razões. Apenas aquela nostalgia de algo ter pertencido a alguém e que já não pertence. Apenas a nostalgia de uma memória. Apenas aquele banco.
(Em esboço)
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