10.6.08

Tudo aquilo que ás vezes não te digo

Chamo por ti mas não me ouves, não vens, não olhas. Procuro por ti mas não te encontro, não te vejo, não te sinto. E fico escondido na minha própria mente, rondando as palavras que te quero dar e não posso. Não existes ainda. Não estás cá para ouvir as palavras que te quero dedicar. Mas não me sais do pensamento. Sonho contigo mas nem te conheço. Imagino-te. Crio-te. E continuas a esconder-te de mim. A escapar por entre os meus pensamentos como um gato brincalhão. Troçando de mim. Atiçando-me. Forçando-me a correr atrás de ti. Atrás de alguém que ainda não se cruzou comigo e que já deixa saudades. As palavras seguem-se umas às outras. Coloco-as em fila de espera. Fico a circundar as palavras, prometendo um dia dá-las, copiosamente. Mas, por enquanto, enquanto espero que chegues e me vejas e me ouças, vou guardando-as. Um dia também tu conhecerás as palavras que nunca te disse e que estão guardadas.

(Um outro esboço)

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